quarta-feira, 23 de março de 2011

Tudo sobre Engenharia de Produção


Engenharia de produção dedica-se à concepção, melhoria e implementação de sistemas que envolvem pessoas, materiais, informações, equipamentos, energia e o ambiente. Ela é uma engenharia que está associada às engenharias tradicionais sendo mais abrangente e genérica e englobando um conjunto maior de conhecimentos e habilidades, para que utilizando-se desse conhecimento especializado em matemática, física e ciências sociais, em conjunto com análise e projeto de engenharia, ela possa especificar, prever e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas.

De modo geral, a Engenharia de Produção, ao enfatizar as dimensões do produto e do sistema produtivo, encontra-se com as idéias de projetar produtos, viabilizar produtos, projetar sistemas produtivos, viabilizar sistemas produtivos, planejar a produção, produzir e distribuir produtos que a sociedade valoriza. Essas atividades, tratadas em profundidade e de forma integrada por esta engenharia, são de grande importância para a elevação da competitividade do país.

História

Durante o século XVIII ocorreu uma revolução que mudou para sempre a forma do homem trabalhar, de pensar, de produzir… mudou para sempre a relação do homem com a máquina. Essa revolução teve origem na Inglaterra e logo se espalhou para o resto do mundo. Esse fato histórico ficou denominado "Revolução Industrial". Com o progresso no setor industrial da época, surgiu a necessidade de organizar e administrar complexos sistemas de produção; nascendo aí a Engenharia de Produção, que em meio a esse processo, fincou suas bases. Contudo, foi no início deste século que a sua difusão foi intensificada, fundamentando-se basicamente na indústria metalo-mecânica. Outros fatores como o recente desenvolvimento japonês e a adoção da temática da Qualidade & Produtividade como pontos centrais nas empresas e organizações privadas, públicas, industriais, serviços e de governos, consolidaram essa difusão. Em sua origem, ela iniciou-se com o nome de Engenharia Industrial sendo preconizado por F.W. Taylor, Frank e Lillian Gilbreth, H.L. Gantt, Walter A. Shewart, Henry Fayol, dentre outros. Para mais tarde, com o advento da produção em massa, difundida por Henry Ford, e posteriormente a produção enxuta, concebida por Taichii Ohno dentro da Toyota, Engenharia Industrial ganhasse grande destaque mundial. No Brasil, desenvolveu-se com o nome de Engenharia de Produção, a partir de 1950.

A Engenharia de Produção nasceu dentro da Engenharia Mecânica e por isso se dedicou inicialmente aos sistemas físicos. Na década de setenta, notou-se mesmo no Brasil, que os conceitos e métodos próprios da Engenharia de Produção ganharam notável desenvolvimento e tornaram-se independentes de qualquer área tecnológica sendo aplicada a todas as áreas clássicas das engenharias. A Engenharia de Produção é uma habilitação específica derivada de qualquer uma das seis grandes áreas da engenharia. Assim, existem cursos de Engenharia de Produção Plena(envolvendo todas as seis grandes áreas), Engenharia de Produção Elétrica, Engenharia de Produção Civil, Engenharia de Produção Mecânica, etc.

Mercado de Trabalho

A formação de um engenheiro de produção habilita o desempenho de certas funções que administradores de empresa exercem em uma organização (desde que não interfira nas atividades privativas dos administradores, visto que a profissão de administrador no Brasil é regulamentada pela lei federal - 4769/65).

Quanto a retração do mercado de engenharia no Brasil, o mercado de Engenharia de Produção, mesmo tendo pouco tempo, é o que desfruta da melhor situação. Engenheiros de Produção vêm conseguindo boas colocações no mercado principalmente em função do seu perfil que coincide com o que se está demandando nos dias de hoje: um profissional com uma sólida formação científica e com visão generalista suficiente para encarar os problemas de maneira global.

Em 1970, o mercado de trabalho do Engenheiro de Produção no Brasil começou a se tornar bastante abrangente envolvendo todos os setores da economia, desde o primário (relativo às atividades de extrativismo, pecuária, agricultura, etc.), passando pelo secundário (toda a indústria de transformação) até o terciário (setor de serviços).

Organizações Empregadoras

As indústrias de uma maneira geral, como a de construção, automóveis, alimentos, agroindústria, eletrodomésticos, equipamentos, etc.;
Empresas de serviço de uma maneira geral, como a de transporte aéreo, Internet, consultorias, etc.;
Empresas públicas como os Correios, a Petrobras, ANEEL, ANP, BNDES, etc.;
Grandes empresas privadas de petróleo, concessionárias de telefonia, bancos, seguradoras, fundos de pensão, bancos de investimento etc.
Empresas dos diversos setores da logística.

Perfil Profissional

Os aspectos relacionados à gestão dos sistemas produtivos vieram a ser a base tecnológica própria da Engenharia de Produção. Com as recentes mudanças estruturais e organizacionais desses sistemas de produção e a evolução dos cursos de Engenharia de Produção, os profissionais egressos desta modalidade têm se mostrado também, hábeis empreendedores e capazes de atuar nas mais diversas organizações da sociedade.

O perfil do Engenheiro de Produção pressupõe espírito crítico, criatividade e consciência em relação à sua atuação técnica, política, econômica e social. Pois bem, ele vem se mostrando um profissional versátil, considerando a interdependência entre os vários segmentos empresariais, levando em consideração o desenvolvimento de novas máquinas, novos processos de produção e sua manutenção, agindo no sentido de planejar, orientar, supervisionar, inspecionar e controlar a produção de bens e serviços, elaborar, executar e acompanhar projetos buscando a otimização dos sistemas produtivos.Outro aspecto observado neste profissional é a capacidade de adaptação rápida em diferentes funções, praticadas em ambientes altamente competitivos.

 Competências Científicas

Sólida formação em ciências básicas como Matemática, Computação, Administração e Economia, com ênfase nos métodos quantitativos relacionados a estas últimas;
Capacidade de trabalho em equipes multidisciplinares;
Capacidade prática de abordagem experimental;
Capacidade de analisar e otimizar processos;
Formação ético-profissional.

Competências Pessoais

Capacidade de utilizar ferramental matemático e estatístico para modelar sistemas de produção e auxiliar na tomada de decisões;
Capacidade de projetar, implementar e aperfeiçoar sistemas, produtos e processos, levando em consideração os limites e as características das comunidades envolvidas;
Capacidade de utilizar indicadores de desempenho, sistemas de custeio, bem como avaliar a viabilidade econômica e financeira de projetos;
Capacidade de prever e analisar demandas, selecionar tecnologias e know-how, projetando produtos ou melhorando suas características e funcionalidade;
Capacidade de incorporar conceitos e técnicas da qualidade em todo o sistema produtivo, tanto nos seus aspectos tecnológicos quanto organizacionais, aprimorando produtos e processos, e produzindo normas e procedimentos de controle e auditoria;
Capacidade de prever a evolução dos cenários produtivos, percebendo a interação entre as organizações e os seus impactos sobre a competitividade;
Capacidade de acompanhar os avanços tecnológicos, organizando-os e colocando-os a serviço da demanda das empresas e da sociedade;
Capacidade de compreender a inter-relação dos sistemas de produção com o meio ambiente, tanto no que se refere a utilização de recursos escassos quanto à disposição final de resíduos e rejeitos, atentando para a exigência de sustentabilidade;
Capacidade de dimensionar e integrar recursos físicos, humanos e financeiros a fim de produzir, com eficiência e ao menor custo, considerando a possibilidade de melhorias contínuas;

Áreas de Atuação

Em 1972 foram criados os cursos de doutorado na EPUSP e na COPPE/UFRJ, o que ajudou a dinamizar a área e os pontos de atuação do Engenheiro de Produção. Com maiores especializações, as atividades de atuação estão sendo relacionadas ao desenvolvimento de projetos, à aplicação de métodos gerenciais, ao uso de métodos para melhoria da eficiência das empresas e à utilização de sistemas de controle dos processos das empresas.

Assim, de uma forma geral, tudo o que se refere ao planejamento, programação e controle de compras, produção e distribuição de produtos constitue atividade da Engenharia de Produção.

 Áreas de atuação destacadas

Área de Tecnologia da Informação, na implantação de sistemas de TI;
Área de operações, envolvendo a distribuição dos produtos, controle dos suprimentos, etc.;
Área de gestão agro-industrial, gestão da manutenção, automação industrial, etc.;
Área financeira, incluindo o controle financeiro, controle de custos, análise de investimentos, etc.;
Área de logística, incluindo o uso e desenvolvimento de sistemas de roteamento, gestão e controle de frotas, etc.;
Área de marketing, tratando do planejamento e desenvolvimento de novos produtos, incluindo a utilização de métodos estatísticos avançados destinados ao estudo de mercado etc.;
Área de planejamento, abrangendo os setores estratégico, produtivo, financeiro, etc.
Área de ergonomia, engenharia de segurança, organização do trabalho, engenharia de métodos, etc.;
Área de gestão econômica, engenharia econômica, gestão de custos e/ou investimentos, etc..
Área de engenharia da qualidade, incluindo controle estatístico de qualidade, projeto de experimentos, metodologia seis sigma, regressão e correlação.

Problemas tratados

Melhoria e garantia da qualidade dos processos: implanta e desenvolve sistemas de garantia da qualidade (como as normas regulamentadoras da série ISO 9000), focando sempre a qualidade do produto e o cliente.
Produtividade focada em estratégias de manufatura: atua na organização e planejamento do fluxo de produção, redução de estoques, diminuição do tempo de atravessamento, otimização e racionalização de processos, entre outras atividades.
Projeto de produtos: dedica-se a projeto de softwares ergonômicos, gestão de projetos e da inovação, redução do tempo de produção nominal em uma nova fábrica, transferência de tecnologia e de seu domínio efetivo.
Organização do trabalho: volta-se para a formação, qualificação e desenvolvimento de competências adequadas a novas tecnologias.

Exemplos de atuação

Na gestão do trabalho e da empresa

Elaboração de planos para avaliação de cargos e sistemas de incentivos;
Elabora planos para identificar e resolver problemas de alocação de recursos;
Atua em programas de higiene e segurança do trabalho;
Participa e colabora na seleção e treinamento de pessoal;
Realiza a interface entre as áreas administrativas e técnicas da empresa.

Na área de planejamento industrial

Realiza estudos sobre a localização geográfica da empresa e planejando o arranjo físico de suas instalações;
Desenvolve estudos de viabilidade técnico-econômica para aplicação de capital no processo industrial;
Conduz programas de redução de custos;
Elabora e calcula lotes econômicos e séries de produção, bem como previsões de venda;
Estabelece políticas de administração e controle de estoques e reposição de equipamentos;
Presta assistência no desenvolvimento de máquinas, ferramentas e produtos e no desenvolvimento de políticas e procedimentos;
Acompanha e supervisiona a operação de materiais e equipamentos.
identifica fatores que impactam o meio ambiente e a sociedade provenientes do processo produtivo e realiza estudos para reduzir os impactos negativos. procurando maximizar os impactos sociais, ambientais e econômicos provenientes do processo de produção para a sociedade.

Como gestor do sistema produtivo

Desenvolve projetos e faz o planejamento para controlar a produtividade ou eficiência operacional de uma empresa, conjugando os recursos humanos e materiais disponíveis, visando ao aumento da produção com o menor custo possível;
Desenvolve métodos de otimização do trabalho;
Cria procedimentos para programação e controle de produção;
Desenvolve programas de controle da qualidade;
Apresenta modelos de simulação para problemas administrativos complexos.

 Disciplinas estudadas

O curso é estruturado por dois conjuntos de disciplinas destinadas ao desenvolvimento das competências:

Ciclo Básico: Matemática, Computação, Administração, Economia, Contabilidade, Gestão Ambiental, Estatística, Elétrica, Mecânica, Física, Química;
Ciclo Profissional: Controle Estatístico da Qualidade, Simulação Computacional, Engenharia Econômica, Algoritmos em Grafos, Organização e Métodos (O&M), Planejamento e Controle da Produção, Logística, Ergonomia, Meta-heurísticas, Pesquisa Operacional, Automação, Instrumentação e Controle (Elétrica/Mecânica) etc.

Diferenças entre Engenharia de Produção e Administração

Métodos quantitativos X Métodos qualitativos: A Engenharia de Produção, aproveitando-se da base matemática fornecida pela engenharia, focaliza os métodos quantitativos em detrimento dos métodos qualitativos utilizados na Administração. Disciplinas como Teoria Geral da Administração, Gestão Estratégica, Administração Financeira e Economia são ensinadas no ciclo básico da Engenharia de Produção, juntamente com as disciplinas das áreas de matemática, física e química; e servem de pré-requisito para disciplinas com métodos quantitativos como Teoria dos Jogos, Engenharia Econômica, Engenharia de Métodos, Controle Estatístico da Qualidade, Programação Matemática, Análise Multicritério no Auxílio à Decisão, Redes Neurais, Otimização de Fluxos em Redes, Planejamento e Controle da Produção etc.
Engenharia de Produção é um Curso Direcionado a Projetos: Assim como as demais engenharias, a Engenharia de Produção se destina a realização de projetos. Ou seja, assim como o Engenheiro Civil projeta construções, o Engenheiro mecânico projeta peças mecânicas, o Engenheiro Eletricista projeta instalações elétricas, etc.; o Engenheiro de Produção desenvolve projetos destinados a otimização dos processos empresariais. Como exemplo pode-se citar os projetos para implantação de sistemas de tecnologia da informação, projetos para melhoria da qualidade, projetos de novos produtos etc..
Engenharia de Produção é um Curso mais Técnico: A Engenharia de Produção é um curso mais técnico, e está mais relacionada com o uso de tecnologia. Como exemplo, o uso de sistemas de apoio a decisão, técnicas de redes neurais, CAD (Desenho Auxiliado por Computador), lógica fuzzy, meta-heurísticas, sistemas de simulação etc.; ou seja: técnicas matemáticas, estatísticas e computacionais em geral.

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